quinta-feira, 1 de março de 2012

A Lenda do Zumbi

Vem do Quimbundo nzumbi, espectro, duende, fantasma. Para as antigas tradições africanas, vem do termo nzámbi, divindade, título adotado pelos chefes sociais. Entre os Cabindas, quer dizer Deus. Zumbi foi o título do chefe dos rebelados escravos que se refugiaram no Quilomdo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas. Em Sergipe, Zumbi é um negrinho que se confunde com o Saci, que aparece nos caminhos em meio à mata e é companheiro da Caipora, mas não usa a carapuça vermelha. Anda nu ou quase nu, sempre procurando crianças que vão pegar frutas sivestres, para desorientá-las com seus longos e finos assobios, ou surrá-las, como faz o Curupira. No Rio de Janeiro, fala-se de um Zumbi da meia-noite, um espectro que vagava à noite alta pelas ruas intimidando as pessoas. Relato semelhante a esse, também foi colhido no interior de Pernambuco, apenas que neste, ele canta: "Lá vem o Zumbi da Meia-Noite..". E se perde dançando na noite. Há também referências a um Zumbi diabinho malicioso, moleque. Zumbi também se diz Feiticeiro. Uma vaga tradição fala de um Zumbi retraído, misterioso, taciturno, saindo apenas à noite. O Vocábulo Zumbi ficou também na tradição popular para designar um ente fantástico que vagueia tarde da noite dentro das casas abandonadas. Segundo historiadores, nos contos das amas de crianças, assim seria chamado um ser misterioso, uma espécie de feiticeiro, retraído, das altas horas da noite. Daí a expressão popular "Você está feito Zumbi", quando nos referimos a quem passa à noite em claro. Estar feito Zumbi, com insônia, vagueando pela noite por esse motivo ou por hábito. Esta frase parece vir das noites sem dormir e vigílias do zumbi, o chefe negro da República do Quilombo dos Palmares, para não ser surpreendido em ataques noturnos pelos seus inimigos. As acepções para o Zumbi são muitas. Para os Angolenses, é gente que morreu, alma do outro mundo. Na tradição oral de outras nações africanas, é fantasma, Diabo que anda à noite pelas ruas. Quando os Negros viam uma pessoa astuciosa, que se metia em encrencas, diziam: "Zumbi anda com ele", isto é, o Diabo está no corpo dele. Às vezes ele aparece como um adulto pequeno e cresce quando alguém dele se aproxima, para curvar-se em forma de arco sobre o indivíduo. Informações Complementares: Nomes comuns: Zumbi, Zumbi da Meia-Noite, Zombie, Nzumbi. Origem Provável: É quase certo que pertença a extensa Mitologia africana, embora tenha sofrido muitas variações em nossas terras. Como um diabinho atormentador, ele se parece com o Gunocô dos Indígenas Negros Bantus e é um dos elementos constitutivos do nosso Saci-Pererê. O Zumbi por vezes oculta-se, e impede a um cavaleiro de prosseguir. Os animais são capazes de perceber sua presença. Ele próprio pode ser percebido pelo ronco surdo, estremededor, que faz. Outras vezes, ele é a alma de um Negro que foi transformado em pássaro, e que fica ao escurecer, nas porteiras das fazendas, gemendo com seu canto fúnebre, chamando os passantes pelo nome. Às vezes, ao meio dia, canta e lamenta a vida que levou como escravo, e diz: "Zumbi... biri.. ri.. coitado.. zumbi.. biri.." Há também o Zumbi de Sergipe, que é casado com a Caipora. Este é um negrinho como o Saci-Pererê, mas sem a carapuça vermelha, que corre através do mato ralo, a capoeira, rápido como um raio, do qual se percebe apenas um vulto que tem a cor de Ébano lustroso. Nos mitos e Superstições negras do Haiti, há o registro dos Zombies. O Zumbi haitiano é um cadáver animado, pela força mágica de um feiticeiro. Então, como um morto vivo, será escravizado nos trabalhos do campo, sob a guarda do seu encantador. São insensíveis, quase não se alimentam, e sua comida não deve conter sal. Se provam sal, sentem que estão mortos e voltam para a sepultura, quebrando o encanto que o feiticeiro tem sobre eles. No fabulário brasileiro, não se conhece essa modalidade sinistra de exploração humana.

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