quarta-feira, 23 de março de 2011

Para pedagoga, é na escola que se aprende bê-á-bá do sexismo.


Segundo a pedagoga Tânia Brabo, os estereótipos de gênero começam já no útero, quando os pais escolhem o brinquedo, a decoração do quarto e as roupas do bebê. Mas é na escola que o sexismo é reforçado. Detalhes como separação de meninos e meninas em filas e diferenças nas aulas de educação física ajudam a perpetuar essa visão "bipolar" do mundo.

Quando perguntado se não se debate nas escolas a discriminação da mulher, a pedagoga disse que as políticas educacionais trazem essa questão na teoria, mas, embora haja um avanço, falta muito em termos práticos. No conteúdo das escolas, a questão da igualdade entre os sexos deve ser mais abordada.

Segundo ela, aparece o sexismo no dia a dia da sala de aula, quando atividades supostamente femininas são separadas para as meninas. Na educação física, meninas e meninos são separados e praticam diferentes esportes. Sendo que esses problemas começam precocemente, quando já na educação infantil, os brinquedos são separados -- bonecas para as meninas, carrinhos para os meninos. Essa visão bipolar ainda está muito forte. Até nas brincadeiras. O menino não quer nem sentar numa cadeira rosa. Muitas vezes, os meninos querem brincar de boneca, mas a família e os professores não aceitam.

Diz também que homens adultos usam brinco, colar, camisa rosa. Houve mudança nos costumes, mas as crianças ainda são tratadas como se certas questões fossem definir a sexualidade. Em países em que a figura da mulher e do homem é iguais, ambos aprendem a cozinhar, cuidar de bebê, bordar.

Mas certamente ainda há muita resistência da família, mesmo tendo escolas que se preocupam com a igualdade de gêneros e adotam políticas assim. Mas há pais que não entendem. Isso pode refletir na forma como o homem adulto encara a divisão de tarefas na casa, ou seja, se o menino não pode segurar uma boneca, então será educado a não ter uma aproximação maior com os filhos. No passado, era assim a vida toda. Hoje, o menino é separado de tudo e na vida adulta é cobrado. Começa na educação infantil e o adulto continua a reproduzir isso.

Os alunos também desenvolvem uma visão sexista do professor. Há mais mulheres do que homens dando aulas até o ensino médio. E o salário, em geral, é ruim, sendo que hoje há mais homens no curso de pedagogia, mas é recente. Os professores podem controlar a situação, estimulando para que ambos exerçam todos os papéis.

Matéria original no site:
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/892517-para-pedagoga-e-na-escola-que-se-aprende-be-a-ba-do-sexismo.shtml

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