De repente você percebe que o seu filho tem um amigo imaginário. O que fazer? Mantenha a calma, isso é normal. De acordo com a Dra. Karina Sauma Resk, especialista em educação infantil, psicologia e pedagogia do Espaço Saúde Guedala, esse é um comportamento comum em todas as crianças, independentemente se são filhos únicos ou se têm poucos ou muitos amigos.
E então as mamães acabam se perguntando o porquê desse amigo imaginário. A Dra. Karina comenta que essa é uma forma que os pequenos encontram para brincarem com alguém que os compreendem plenamente. “O amigo imaginário é o mesmo que a conversa que nós adultos temos com nós mesmos. Os adultos falam consigo sobre seus medos, conflitos e desejos. As crianças materializam essa voz interior criando o amigo imaginário. É o ego auxiliador. Grosso modo, a psique é formada pelo ID, responsável pelo desejo; o superego, responsável pela crítica; e o ego, responsável pelo equilíbrio entre o desejo e a realidade. O amigo imaginário é o ego auxiliador, aquele que ajuda a equilibrar o desejo e a autocrítica para a tomada de decisão”, explica.
Um estudo realizado pelo Instituto da Educação em Londres mostra que cerca de 65% das crianças tiveram um amigo imaginário em algum momento e que isso as tornam mais confiantes e articuladas. A Dra. Karina conta que a idade mais comum na qual essa atitude costuma surgir é a partir dos 3 anos de idade. “É nesse momento que a criança começa a brincar de faz-de-conta”, diz. Ela afirma que as crianças aprendem através da imitação, faz-de-conta, oposição, linguagem e apropriação da imagem corporal.
Portanto, os amigos imaginários não são um grande problema. Contanto que as mamães fiquem de olho no comportamento da criança, essa atitude pode ser benéfica. Segundo a Dra. Karina, após os 10 anos de idade esse amigo imaginário se transforma na voz interior da criança. “No consultório ensino as crianças terem o amigo imaginário e a voz interna. Com ela, a criança nunca está sozinha e sempre está interagindo com alguém, mesmo que seja ela em dois papéis. As crianças se aconselham e discutem sobre vários assuntos com seus amigos imaginários, concluindo qual a melhor atitude a ser tomada e, desempenhando vários papéis sociais ou de personagens, ampliam suas concepções sobre as coisas e as pessoas”, afirma.
Segundo a Dra. Karina, apenas que se o “relacionamento” com o amigo imaginário ficar com uma frequência exagerada, ou seja, se a criança até mesmo deixar de brincar com outras por conta dele aí sim isso pode ser prejudicial. “Outro fator é a idade. O amigo imaginário costuma desaparecer com a idade da criança. Em geral ele permanece aos 4 anos, intensifica aos 6 anos e desaparece por volta dos 9, 10 anos. Entre os 7 para 8 anos, as crianças começam a ter vergonha de brincar publicamente com o amigo imaginário, mas interagem com ele em silêncio e podem levá-lo a todos os lugares que estiverem sem que ninguém perceba. Isso faz parte do processo. É comum e saudável”, relata.
Ela diz que os pais não devem interferir nesse comportamento, se perceberem que está tudo certo. “O processo, exceto os exageros, ocorre naturalmente”, diz. O que ela recomenda é verificar com a escola se há um exagero na frequência com que a criança brinca com o amigo imaginário e se ela está se relacionando normalmente com os outros coleguinhas. A psicóloga ainda deixa uma mensagem: “Nunca deixe de falar com sua criança interior. É com ela que você deve ter a discussão final para a tomada de suas atitudes”.
Fonte: http://itodas.uol.com.br
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