domingo, 11 de abril de 2010

LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: AS MUITAS FACETAS - Síntese

Ao falarmos sobre a “invenção do letramento”, podemos ressaltar que foi em meados dos anos 1980 que se deu, simultaneamente, a invenção do letramento no Brasil, para nomear fenômenos distintos daquele denominado “alfabetização”. Estudiosos afirmam que são muitos os fatores que interferem na aprendizagem da língua escrita, porém estudos recentes incluem entre estes fatores, o nível de letramento. Antigamente, acreditava-se que o aluno era iniciado no mundo da leitura somente ao ser alfabetizado, pensamento este ultrapassado pela concepção de letramento, que leva em conta toda a experiência com leitura que a criança tem, antes mesmo de ser capaz de ler os signos escritos. Também neste caso as discussões, relatórios e publicações não apontam relações entre as dificuldades no uso da língua escrita e a aprendizagem inicial do sistema de escrita. No Brasil, a discussão do letramento surge sempre enraizada no conceito de alfabetização, o que tem levado, apesar da diferenciação sempre proposta na produção acadêmica, a uma inadequada e inconveniente fusão dos dois processos, com prevalência do conceito de letramento, o que tem conduzido a um certo apagamento da alfabetização que, talvez com algum exagero, se denomine desinvenção da alfabetização. É importante afirmar que o Letramento é igual ao estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita. A respeito da “desinvenção da alfabetização”, pode se dizer que o neologismo desinvenção pretende nomear a progressiva perda de especificidade do processo de alfabetização que parece vir ocorrendo na escola brasileira ao longo das duas últimas décadas. Certamente essa perda é fator explicativo do atual fracasso na aprendizagem e, portanto, também no ensino da língua escrita nas escolas brasileiras, fracasso hoje tão reiterada e amplamente denunciado. Sem negar a incontestável contribuição que essa mudança paradigmática, na área da alfabetização, trouxe para a compreensão da trajetória da criança em direção à descoberta do sistema alfabético, é preciso, entretanto, reconhecer que ela conduziu a alguns equívocos que podem explicar a desinvenção da alfabetização, gerando assim uma falsa inferência, a de que seria incompatível com o paradigma conceitual psicogenético a proposta de métodos de alfabetização. A respeito da “reinvenção da alfabetização”, vale ressaltar que os resultados de avaliações de níveis de alfabetização da população em processo de escolarização, têm levado a críticas a essa concepção holística da aprendizagem da língua escrita, incidindo essa crítica particularmente na ausência, no quadro dessa concepção, de instrução direta e específica para a aprendizagem do código alfabético e ortográfico, o qual se multiplicaram nas duas últimas décadas, no Brasil e em muitos outros países. Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadro das atuais concepções psicológicas, lingüísticas e psicolingüísticas de leitura e escrita, a entrada da criança e do adulto analfabeto, no mundo da escrita se dá simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita,isto é a alfabetização, e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, que é o letramento. Assegurados esses pressupostos, a reinvenção da alfabetização revela-se necessária, sem se tornar perigosa. Vale ressaltar que a leitura é condição essencial para que possa compreender o mundo, os outros, as próprias experiências e a necessidade de inserir-se no mundo da escrita, torna-se imperativo que o aluno desenvolva habilidades lingüísticas para que possa ir além da simples decodificação de palavras. Portanto, é através desses estudos, que o aprendizado do sistema de escrita não se reduziria ao domínio de correspondências entre grafemas e fonemas (a decodificação e a codificação), se caracterizando como processo ativo por meio do qual a criança, desde seus primeiros contatos com a escrita, construiria hipóteses sobre a natureza e o funcionamento da língua escrita, compreendida como um sistema de representação.

* Sintese feita por mim, Juliandra B. Alencar, durante o curso de graduação em Pedagogia - UNISEB. 

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