domingo, 11 de abril de 2010

AMBIENTE ESCOLAR: IGUALDADES x DIFERENÇAS...

Sustentar uma igualdade que respeite as diferenças é o esperamos de um mundo globalizado, essa é a política inclusiva, o qual essas duas posições representam duas formas distintas de tratar a questão das diferenças, mas incluir o sujeito é uma tarefa ética que implica em tratar a questão da existência das diferenças como normalidade.

A questão decisiva para a política inclusiva parece residir na capacidade que ela terá ou não de tornar-se verdadeiramente oposição ao sistema do qual ela nasce. Mas se pode pensar que o outro, ao qual a política inclusiva parece estar ligada, é à globalização uma direção de trabalho que deveria passar pela sua separação. Neste sentido poderíamos pensar que a recente promoção dos direitos dos portadores de deficiência, objeto do projeto inclusivo, não é senão mais uma manifestação deste jogo democrático e que, como tal, implica que se administrem as contradições que advirão desta medida.

O problema da diferença não é que ela exista, mas é que ela se associe a um valor comparativo que lega virtude a uns e defeito a outros. O termo deficiência presume uma eficiência que não se tem e que outro tem. Mas o que admitimos como eficiências não é algo natural, mas cujo significado se constrói historicamente e que a partir daí não visa senão buscar a perenidade. Uma escola regular pode bem ser mais um palco onde a diferença se acentue como deficiência e o fato de que esta plausibilidade tenha se tornado a incidência mais comum deveria nos fazer questionar o que isto tudo traz como efeito. Afinal este seria o princípio de qualquer postura responsável, perguntar-se não só pelas boas intenções, mas também e principalmente pelo que ocorre quando as colocamos em atitudes concretas.

No Brasil, a inclusão tem sido confundida com integração, ou seja, colocá-lo em um grupo. A diferença está na forma como ela acontece; a escola inclusiva acolhe todos os alunos, com ou sem deficiências; no entanto, quando ocorre somente a integração, o aluno deve se adaptar às exigências e rotinas da escola. Ocorre que, hoje, colocam-se alunos “especiais” nas classes ditas “normais” para que convivam no mesmo ambiente, mas não ocorre a compreensão e o envolvimento das crianças para uma melhor aprendizagem. As escolas apenas os recebem e os deixam se adaptarem às suas rotinas, mas não existe envolvimento dos alunos especiais com os demais alunos e com toda a equipe escolar.

Mas, não deveria ser assim; a escola deve estar preparada para receber alunos especiais da mesma maneira acolhedoras com que recebe os alunos não portadores de deficiência, trabalhando para e com eles de modo a garantir progressivo desenvolvimento da aprendizagem, física, social e intelectual.

É possível tornar uma escola inclusiva desde que muitos paradigmas sejam quebrados, toda criança é capaz de aprender, mas cada uma tem suas peculiaridades, que precisam ser observadas e trabalhadas individualmente. Mas para que isso de fato aconteça, é fundamental a parceria entre pais e escola, formação dos profissionais de educação, bom uso dos materiais didático-pedagógicos, ambiente físico adequado, acompanhamento médico e psicopedagógico freqüente, entre outros. Sem preparo, não há inclusão, pois haverá sofrimento dos pais, pois seu filho demora a aprender, os professores sofrem, pois sabem que poderiam acontecer progressos maiores se houvesse mais tempo e ferramentas para utilizar com cada aluno. Assim, dizer que a escola atende alunos com necessidades educacionais especiais é hipocrisia, pois as crianças são integradas ao mesmo sistema falho de educação.

Para que a escola se torne inclusiva é preciso mais do que integração, é preciso atendimento a todos, individual e multidisciplinar, de modo a se valorizar o que cada um tem de melhor e superar as suas necessidades, seja o aluno especial ou não, temos que sustentar uma igualdade que respeite as diferenças e a faça valer a pena.

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