sábado, 21 de janeiro de 2012

Agressividade infantil - Parte 1

Existem factores familiares e de contexto escolar que intervêm na agressividade infantil, um problema que pode começar desde tenra idade e assumir contornos preocupantes conforme as crianças vão crescendo. A Dr.ª Rita Antunes, psicóloga do desenvolvimento da Clínica Cuf Torres Vedras, ajuda-nos a perceber como se manifesta este problema e de que forma os pais e os professores o podem minimizar. Quando se pode manifestar a agressividade infantil? Os comportamentos agressivos na infância podem manifestar-se numa idade precoce. Embora na idade escolar ou seja, a partir dos 6/7 anos, se manifestem e observem um maior número de casos de agressividade, existem também já diversos estudos nomeadamente, a nível internacional, que apontam a idade pré-escolar como uma fase onde poderão já ocorrer este tipo de comportamentos e que se poderão tender a agravar caso se mantenham e consolidem ao longo das várias etapas de desenvolvimento das crianças. Neste contexto, e para alémda variável agressividade infantil e do factor idade, os pais, educadores e professores deverão estar também particularmente atentos ao contexto em que surge o comportamento agressivo (quais as causas e as consequências do comportamento para a criança), ao meio familiar e ao meio escolar em que a criança se encontra inserida (quais os estilos educativos; quais as dinâmicas e comportamentos familiares; quais os padrões educacionais na escolar). Todas estas variáveis são extremamente importantes para aferirmos tratar-se de um acto isolado de agressividade e que se possa considerar comum à fase de desenvolvimento em que a criança se encontra ou se pelo contrário, se observamos tratar-se de um comportamento intencional, repetitivo e entre crianças onde exista uma relação de desequilíbrio de poder (agressor vs vítima). Em idade pré-escolar, a criança tende a usar mais a agressividade quanto maior for o desejo de ter controlo sobre o outro e/ou sobre alguma coisa. Nas crianças em idade pré-escolar, quais os sinais de alerta de potenciais jovens agressores? A idade pré-escolar assume cada vez mais um papel de relevo nomeadamente no que concerne à prevenção de comportamentos agressivos que poderão assumir contornos mais graves ao longo do desenvolvimento infantil. No entanto, existem comportamentos que são típicos desta fase do desenvolvimento e que não devem ser confundidos com o conceito de agressividade infantil. Até aos 2/3 anos de idade, muitas vezes a criança não consegue verbalizar e explicar as suas angústias e frustrações, pelo que, quando quer chamar a atenção de alguém (como por exemplo, para conseguir o brinquedo com que outra criança está a brincar) poderá assumir uma atitude mais impulsiva e agressiva, tal como puxar, bater ou morder. Mas isso não quer dizer que a criança seja agressiva; pelo contrário, é a maneira que ela encontra para conseguir demonstrar o que quer e/ou o que sente. Em idade pré-escolar, a criança tende a usar mais a agressividade quanto maior for o desejo de ter controlo sobre o outro e/ou sobre alguma coisa/objecto e uma vez que, não consegue mobilizar outro tipo de recursos, utiliza as mais diversas formas de agressividade directa. Nestas situações sugere-se ao adulto, sempre que intervenha na situação, que o faça tentando não se demonstrar ansioso ou inseguro pois, poderá causar ainda maior ansiedade na criança. Pelo contrário, deve tentar, de uma forma clara, objectiva, num tom de voz calmo e seguro, demonstrar “como” e “porque” é que o comportamento foi inadequado. A partir dos 4/6 anos, a criança já se encontra mais disponível para socializar, para se relacionar com outras crianças e então, já é típico observarmos o início da formação de alguns grupinhos de crianças em detrimento de outras, a escolha das mesmas crianças sempre para as mesmas brincadeiras, deixando outras de parte. Denota-se ainda a troca de algumas provocações entre eles e, neste período, os pais e educadores deverão estar mais atentos para que este tipo de comportamento não se replique e consolide pois será muito mais difícil intervir de forma a reajustá-lo mais tarde. Existem diversos estudos nomeadamente, a nível internacional, que apontam a idade pré-escolar como uma fase onde poderão já ocorrer este tipo de comportamentos. Quais as causas deste comportamento? Os comportamentos agressivos na infância têm diversas causas sendo considerados multicausais e, acima de tudo, multifactoriais uma vez que, existem inúmeros factores de risco associados. Neste sentido e, para além de todas as suas características individuais da criança (temperamento, impulsividade, ausência de auto-controlo) são de salientar os dois contextos privilegiados durante o desenvolvimento da criança: o contexto familiar e o contexto escolar. Do ponto de vista do contexto familiar, os estilos, as estratégias educativas e as competências parentais são factores de extrema relevância. Concretizando, poderemos pensar por exemplo num estilo educativo mais permissivo, em que a criança pela não interiorização de regras e dos limites para os seus comportamentos poderá assumir mais facilmente atitudes impulsivas que quando contrariadas poderão despoletar em comportamentos agressivos (dificuldade em lidar como “não). Em contraponto, poderemos considerar também um contexto socio familiar em que a criança se sinta privada de afectividade (ausência de competências emocionais e afectivas dos progenitores), o que consequentemente aumentará a probabilidade da criança desenvolver dificuldades várias em ser empática, em se conseguir colocar no lugar do outro, assumindo assim mais facilmente o papel de agressor nas diversas interacções sociais. Fonte: http://familia.sapo.pt/

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