O bullying é comum nas escolas de todo o mundo: de acordo com dados de pesquisas europeias, aproximadamente 15% das crianças em ambiente escolar são vítimas da ação, o que pode levar à depressão, ansiedade, sentimento de solidão e outros transtornos mentais que surgem como respostas negativas à situação.
POR QUE AQUELES QUE COMETEM BULLYING OPTAM POR AGIR DE FORMA TÃO NEGATIVA?
De acordo com um estudo holandês, a maioria dos atos de bullying é motivada pela tentativa dos bullies – aqueles que cometem o bullying – de elevar seu status dentro do ambiente escolar ou nos círculos sociais, ou seja, ser foco de admiração e afeto de seus pares. Os dados vieram de uma pesquisa longitudinal (de longa duração, feita com indivíduos revisitados diversas vezes durante a duração da pesquisa).
A coleta de dados foi feita com mais de 500 crianças e adolescentes com idade entre 9 e 12 anos. Com base nesses dados, os pesquisadores indicam que os bullies – palavra que não tem uma tradução exata no português – escolhem a dominação de suas vítimas como modo de chegar a um status elevado dentro da escola. Mas ao mesmo tempo, os bullies esperam reduzir suas chances de acabar também como vítimas, tomando partido dos mais “fortes” e atacando aqueles menos preparados para responder à intimidação.
GRUPO É AVALISTA DO COMPORTAMENTO
De certo modo, os bullies procuram se manter cercado por pessoas com as quais eles têm uma relação afetiva – ou os quais exercem algum tipo de controle – e os ataques a outros de fora do grupo funcionam como um modo de garantir seu lugar em seu círculo de amizades.
“É melhor ficar do lado dos ‘valentões’ do que do lado das vítimas. Na cabeça das crianças, é uma forma de solucionar o problema e não ser intimidada”, explica Cléo Fante, pedagoga e historiadora, autora do livro Bullying Escolar – perguntas e respostas, publicado pela Editora Artmed.
Desse modo, esses indivíduos vão ganhando espaço e ficando mais cruéis para manter sua posição social dentro daquele grupo. Outra observação da pesquisadora é que quanto mais jovens, pior a incidência de bullying. “Quando vão chegando à adolescência, essa atitude pode se inverter. O grupo pode não aceitar mais esse tipo de relação violenta e o bullie pode ser isolado pelos próprios companheiros”, explica Cléo.
EVASÃO E COMPORTAMENTO DE RISCO
Nesse caso, muitas vezes, o bullie começa a ter comportamentos agressivos e de risco fora do ambiente escolar. “Esse comportamento, que tem muitas vezes a ver com a cultura familiar, mais violenta e que valoriza a agressividade, pode colaborar para que esse indivíduo passe a adotar outros comportamentos de risco, incluindo aí o consumo de drogas”, aponta a pesquisadora. Nesse ponto é possível que os indivíduos violentos optem pela evasão escolar, pois deixam de ter o controle da situação, se sentem excluídos e procuram deixar a escola em segundo plano.
OUTROS MODOS DE DIRECIONAR A AGRESSIVIDADE OU DE SER O FOCO DE ATENÇÃO
O ideal é que as escolas possam identificar esses indivíduos prematuramente e desenvolver ações que demonstrem que a “popularidade” pode ser alcançada de outros modos. “Se a escola mostra para esse indivíduo que o esporte, o teatro ou mesmo uma posição de liderança em um grêmio de estudantes pode ser um modo de se destacar positivamente, é muito provável que esse indivíduo foque nesse tipo de atividade e deixe de lado as atitudes violentas”, explica a pesquisadora, que participa da Campanha Global “Aprender sem Medo”, desenvolvido pela ONG Plan e que coletou dados de mais de 5 mil crianças no Brasil sobre o tema.
“O bullying é um comportamento aprendido. E tudo que é aprendido pode ser ‘desaprendido’. Basta indicar que há opções para que os bullies saibam que não existe apenas uma maneira de conquistar uma posição de respeito”, finaliza.
Matéria retirada do site: www.uol.com.br
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