quinta-feira, 19 de julho de 2012

A importância de rolar, pular e dançar II

Grandes conquistas
Nas primeiras semanas de vida, a postura do bebê é retraída. Pernas e braços só começam a se expandir por volta do terceiro ou quarto mês. A partir daí, ele passa a ter ações voluntárias, mas ainda dominadas por reflexos. A etapa seguinte é fortalecer a musculatura dorsal e as conquistas viram sentar, se arrastar, engatinhar, ficar em pé e andar. Junto com a locomoção e o equilíbrio vem a exploração voluntária. O pequeno pega um brinquedo, balança, leva à boca e coloca em cima de outro. Pela limitação do campo visual, tato e visão são unidos. Ou seja, para enxergar, ele precisa tocar.
É fundamental variar as posturas: ficar de bruços, de lado e sentado (com ou sem almofadas ou no bebêconforto). Nessa fase, os bebês precisam ser acolhidos, no colo, no berço ou no solo. André Trindade sugere fazer "ninhos" dentro da sala. "Forre o chão com tecidos macios (colcha ou edredom) e monte um canto com muitas almofadas. Isso provoca a sensação de contorno e proporciona o bem-estar."
Com a criança andando, proponha novos desafios para aperfeiçoar a locomoção. Subir e descer escadas, escorregar, girar, rolar e agachar são boas opções para explorar as possibilidades e limitações do corpo (saiba como uma escola de São Paulo faz isso no quadro abaixo). Mais adiante, com a entrada no mundo da fantasia, o ideal é oferecer muitos brinquedos e apresentar atividades que utilizem as linguagens falada e escrita, como as brincadeiras de roda.
Para crianças que têm algum tipo de deficiência, vale a pena pensar em ações que elas possam realizar e que contribuam para aumentar o repertório motor. "Em alguns momentos, elas fracassarão e, em outros, terão sucesso. Isso faz parte da vida", diz a professora Eliane Mauerberg-de Castro, da Universidade Estadual Paulista, em Rio Claro, no interior paulista. Os cegos não têm referência visual de como o próprio corpo se comporta. Por isso, sempre fale em voz alta o que eles estão fazendo. Os com deficiência mental podem explorar o balanço, a corrida e o salto. Já os surdos têm desenvolvimento motor normal (a dificuldade está apenas na comunicação). Para os com deficiência física, Elaine recomenda elaborar regras "que funcionem como restrição para as demais, como correr de mãos dadas".

Mobilidade é a ordem
Muitos pensam que o movimento na Educação Infantil é sinônimo de aulas de balé, judô e natação. Marcelo Jabu, co-autor dos Parâmetros Curriculares Nacionais na área de Educação Física, diz que "a iniciação precoce em modalidades artísticas e esportivas tem mais a ver com os sonhos dos pais". Segundo ele, para o judô e o balé, é necessária muita contenção muscular, ou seja, essas são atividades que privilegiam a força, não o movimento. A natação requer menos esforço, mas é preciso verificar como é apresentada. "Não é possível conduzir uma aula na piscina da mesma maneira que com adultos numa academia."
Na creche, funciona bem investir na ampliação de repertório. Ensine brincadeiras tradicionais e parlendas, explore mímicas e imitações, monte circuitos com obstáculos e mostre coreografias de cantigas de roda. O trabalho com dança pode até culminar na festa junina ou numa comemoração do Dia das Mães, desde que as propostas façam sentido. "O melhor caminho é apresentar danças que explorem novos gestos e ritmos tanto em grupo como individualmente", afirma Simone Alcântara, formadora de professores na área de movimento do Instituto Avisa Lá, em São Paulo.
Portanto, nada de deixar os bebês no berço. Mais do que colocá-los no chão, é preciso interagir e apontar caminhos. Toda criança pequena precisa de estímulos para se locomover, apoios para se equilibrar e objetos para manipular. Outra prática comum é confinar em solários. Em muitos casos, os espaços ficam no andar de cima da instituição e têm piso cimentado e grades para todos os lados. Levar ao parque é, claro, mais trabalhoso. Mas, se ninguém fizer isso, a turma perde a oportunidade de sentir o que é pisar na grama", diz Simone. Envolva os demais funcionários.

Espaço e materiais
Do ponto de vista da infra-estrutura, o primeiro item a ser verificado é o piso. Ele não pode ser escorregadio e o ideal é que haja rampas com pouca inclinação para subir e descer engatinhando ou escadas com poucos degraus. Também é fundamental espalhar equipamentos que dêem suporte às crianças, como uma barra na altura das mãos (de preferência, com um grande espelho para que todos possam se reconhecer e testar expressões). "Como estão construindo a identidade, fatalmente vão brincar com a própria imagem", explica Simone Alcântara.
Além de preparar um espaço com diferentes propostas, é preciso acolher. Se o bebê está começando a ficar sentado, grandes almofadas em volta dão suporte a essa postura. Se quer ficar em pé, pufes e caixas de papelão ajudam. É importante verificar se o calçado facilita o caminhar ou se a meia é antiderrapante. Bolas macias de diferentes tamanhos, arcos e argolas estimulam novas ações. Mas cuidado com a adequação dos brinquedos às habilidades dos pequenos. "Um bambolê, por exemplo, é grande para os pequenos. Nesse caso, é melhor confeccionar um com conduíte ou mangueira de acordo com o tamanho médio da turma", explica Isabel Filgueiras.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br

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