Comportamento agressivo é reflexo de contexto ambiental familiar negativo e leva à aversão escolar e isolamento social.
Uma pesquisa feita na Espanha com crianças com média de 8 anos de idade mostrou que o ambiente afeta diretamente o desenvolvimento do comportamento infantil. Arantzazu Bellido, pesquisadora da Elhuyar Fundazioa, na região espanhola basca, acompanhou mais de 250 famílias, observando os fatores ambientais relativos à vivência familiar, além de coletar informações demográficas e socioambientais.
FALTA DA CONVIVÊNCIA COM OS PAIS
Entre as crianças observadas, aproximadamente 8% se mostravam agressivas, dentre elas 1% tinham níveis de agressividade muito acima da média. Apesar da incidência bastante pequena, a pesquisadora afirma que foi possível chegar a conclusões bastante efetivas sobre os comportamentos agressivos.
Os dados mostraram, por exemplo, que o acompanhamento escolar dessas crianças não era feito diretamente pelos pais, mas por parentes próximos, como tias e tios ou avós. Outro dado interessante foi o fato de que atitudes restritivas por parte dos pais não eram acompanhadas pelas mães, que evitavam se posicionar quanto à disciplina dos filhos. Essas crianças também afirmavam não estar satisfeitas com seus ambientes familiares e achavam que não havia uma distribuição correta nas tarefas relativas aos cuidados da casa, coisa que, afirmavam os entrevistados, era particularmente uma falha por parte das mães.
A pesquisadora diz também que foi observada pouca predisposição, por parte dos pais, de assumirem seus papéis dentro da família. E mesmo havendo uma maior aproximação dos pais e filhos, a partir do acompanhamento da pesquisadora, os problemas de comportamento nas crianças persistiam. Bellido teoriza que esse tipo de laço afetivo deve ser iniciado mesmo antes do nascimento, e após esse período a falta de presença parental leva a uma deterioração inevitável das relações pais /filhos.
As respostas a essas falhas no núcleo familiar levam à agressividade nas crianças e, na maioria das vezes, à aversão ao ambiente escolar. Isso acaba se traduzindo em isolamento por parte dos colegas de escola e a consequência dessa falta de adaptação social leva a um desequilíbrio na percepção da hostilidade alheia (as crianças tinham dificuldade de reconhecer nuances nas respostas de outras crianças sobre seu próprio comportamento).
Bellido diz ainda que, em geral, essas crianças mostravam níveis altos de sensibilidade – se irritavam facilmente –, ansiedade e mostravam comportamentos que variavam muito intensamente entre a extroversão e a introversão. Acompanhar as famílias e promover uma melhora no ambiente familiar em longo prazo é a melhor maneira de tentar reverter esse processo, comenta a pesquisadora.
Mensagem retirada do site: http://oqueeutenho.uol.com.br
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